Terça-feira, 23 de agosto de 2011
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EDUCA??O E CAMPO
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O Semin?rio de Educa??o no Campo, realizado nos dias 18 e 19, promoveu um importante debate para a regi?o dos campos gerais. O evento foi organizado pelo Curso de Agroecologia do IFPR ? N?cleo Avan?ado de Ortigueira, em parceria com a Casa Familiar, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Via Campesina e Prefeitura Municipal.
Cerca de 150 pessoas estiveram presentes no encontro,
que promoveu a articula??o e a troca de experi?ncias entre profissionais e
movimentos sociais ligados ? educa??o e ao campo. Uma pe?a de teatro realizada sobre a valoriza??o da educa??o no campo abriu o evento.
Participaram educadores, gestores municipais, representantes da Secretaria de Estado da Educa??o (SEED), do Minist?rio da Educa??o (MEC), do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da Confedera??o Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), al?m do reitor do IFPR, Irineu M?rio Colombo, do prefeito de Ortigueira, Geraldo Magela e professores do curso de Agroecologia dos campus de Ivaipor?, Umuarama, Assis Chateaubriand, Irati e do N?cleo Avan?ado de Ortigueira.
Articula??o Regional pela Educa??o do Campo
Durante o semin?rio foi anunciada a cria??o da Articula??o Regional pela Educa??o do Campo no Territ?rio Caminhos do Tibagi. O an?ncio foi feito por meio da Carta de Ortigueira pela Educa??o no Campo, durante o Semin?rio.
Segundo o professor Roberto Martins, do IFPR, a educa??o no campo deve partir das experi?ncias que j? existem para que novas pol?ticas possam ser institu?das. ?Precisamos envolver educadores, alunos, institui?es p?blicas, onde est?o os gestores de educa??o municipais estaduais e federais, para atingir resultados concretos?.
Os ?ndices de Desenvolvimento Humano do munic?pio e n?veis de analfabetismo da regi?o s?o levados em considera??o para um novo caminho para o campo. ?Temos um dos piores ?ndices de analfabetismo funcional do estado. Precisamos de uma solu??o pr?tica j? que entre os agricultores, ? onde esse n?vel de analfabetismo se encontra mais elevado. Temos que problematizar e trabalhar com a realidade social do campo?, explica.
Segundo o professor, o IFPR tem interesse em fazer com que as experi?ncias do campo ganhem um destaque especial no instituto. Para ele, tanto a comunidade, como as escolas municipais e gestores de pol?ticas p?blicas devem se mobilizar.
?Os dados apontam que 60% da popula??o moram na zona rural e que as piores condi?es de escolariza??o encontram-se l?. Hoje a escola est? voltada para a cidade, temos que volt?-la para os povos do campo que s?o quilombolas, ind?genas, agricultores familiares, ribeirinhos e outros, que t?m uma configura??o ?tnico-racial diferenciada. O campo necessita de uma escola que consiga penetrar em sua realidade e gerar o desenvolvimento na comunidade?, enfatiza Martins.
Valoriza??o do campo
Para o prefeito de Ortigueira, Geraldo Magela, a discuss?o sobre educa??o no campo n?o ? importante somente para Ortigueira. ?Essa ? uma preocupa??o global. Cada um de n?s tem responsabilidade e temos que valorizar a regi?o do campo. Se continuarmos deixando que as pessoas saiam do campo por falta de incentivo, estamos caminhando para uma situa??o insustent?vel no futuro. A cidade depende do campo?.
De acordo com Magela, a valoriza??o do campo estimulada hoje pelo IFPR ? o caminho para a regi?o dos Campos Gerais. ?Mesmo que o jovem saia do campo e v? para a cidade, ele deve ter a consci?ncia plena do que ? o campo. Precisamos dar ao homem do campo a mesma condi??o que damos ao homem da cidade, e isso pode acontecer por meio da educa??o?.
Hoje o munic?pio de Ortigueira incentiva o estudo da popula??o que reside no campo fornecendo transporte escolar gratuito para diversas cidades. ?Temos hoje mais de 220 linhas e 98 ve?culos para o transporte, dos quais 20 s?o do munic?pio. S? n?o estuda quem n?o quer, mas ainda assim queremos melhorar a educa??o no campo?.
Movimentos e comunidades
Segundo o professor Antenor Lima, da Contag ? Confedera??o Nacional dos Trabalhadores em Agricultura, os movimentos sociais e as mulheres do campo merecem o reconhecimento da sociedade pelas mudan?as que v?m sendo feitas na educa??o rural.
?Foram elas, as mulheres dos movimentos sociais, as mulheres do campo que disseram que j? era hora de discutirmos de gato o problema da educa??o no campo, a educa??o dos filhos delas. Elas nos lembram que se queremos fazer uma mudan?a na sociedade, que seja primeiro na educa??o. S?o essas muitas das 70 mil mulheres que marcharam em Bras?lia, no dia 17, fazendo v?rias reivindica?es, sendo uma delas a educa??o no campo?.
Amplia??o do ensino superior e tecnol?gico
Segundo o representante do MDA ? Minist?rio do Desenvolvimento Agr?rio, Reni Denardi, a educa??o no campo recebe agora um incentivo a mais. ?A amplia??o do ensino est? fortemente articulada com a estrat?gia do governo federal de combater a pobreza no campo. ? um compromisso com a democratiza??o e descentraliza??o da educa??o. Ortigueira ?, de acordo com os dados censit?rios, o segundo munic?pio do Paran? com o maior n?mero de agricultores familiares. A agricultura familiar ? sin?nimo de progresso e desenvolvimento, por isso o MDA investe no campo?.
Para Denardi, o desafio de promover o desenvolvimento n?o vir? de uma atua??o municipal, estadual ou federal, mas sim da articula??o de for?as. ?Um agricultor hoje n?o pode ser analfabeto, por isso ? importante levar at? eles a educa??o. Ningu?m quer ?fixar? o homem no campo, mas a pessoa tem que ter a oportunidade de ir pra onde ela quer e ter a op??o de ficar no campo se essa for a vontade dela?.
Para Denardi, o homem do campo j? sabe de sua import?ncia para o pa?s. ?A maior parte dos agricultores anda de cabe?a erguida, n?o tem vergonha de fazer suas manifesta?es, reivindica?es, de dialogar com o governo e de se apresentar pra sociedade?, considera.
Os investimentos do Minist?rio da Educa??o para o campo tamb?m s?o significativos. Segundo Eduardo Goes de Oliveira, do MEC, a primeira a??o ? atender as demandas. ?N?s respeitamos o papel do munic?pio e precisamos trazer uma pol?tica p?blica nacional, mas que atenda ? identidade local. S?o direitos historicamente negados e popula?es historicamente exclu?das, por isso pretendemos incentivar cada vez mais a constru??o dessa pol?tica?.
Mobiliza??o
Segundo o reitor do IFPR, Irineu M?rio Colombo, o que realmente ? v?lido da discuss?o da educa??o no campo s?o os resultados pr?ticos, que englobam o aspecto social e o desenvolvimento.
?Temos no campo a dificuldade do conforto, que n?o ? o mesmo da cidade. N?o adianta fazer uma educa??o desvinculada. O aspecto cultural deve ser respeitado, seja pelas origens, seja pelas metodologias de ensino. As institui?es devem se unir em prol desse respeito e investir tanto em tecnologia como em cultura?.
Para o reitor, o combate ? pobreza no campo est? ligado diretamente ao investimento em educa??o e tecnologia. O IFPR, que ter? uma expans?o, com mais sete unidades, investe hoje tanto em ensino, extens?o e pesquisa.
O conhecimento da realidade do campo e o acesso aos processos tecnol?gicos oferecem, segundo o reitor, o conforto maior para que o jovem possa continuar a vida no campo ?Podemos criar aqui em Ortigueira uma unidade descentralizada e trabalhar com os jovens num processo de sensibiliza??o. O jovem do campo tem que entender como funciona o sistema financeiro, quais os programas voltados ao financiamento rural, como ele acessa esses programas e como faz a gest?o. Isso tudo tamb?m faz parte do educa??o, para que ele possa se viabilizar economicamente e entender o mecanismo externo de sua propriedade rural. Temos o desafio da sustentabilidade e quanto mais ele produzir com qualidade e tamb?m ter? maior qualidade de vida?.
Fonte: Fernanda Rodrigues
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