Segunda-feira, 14 de maio de 2012
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DESENVOLVIMENTO
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F?brica de R$ 6,8 bilh?es da Klabin deve alavancar a economia no munic?pio, que ? basicamente agr?cola
Publicado na Gazeta do Povo em 13/05/2012 | Maria Gizele da Silva, da sucursal de Ponta Grossa
Quem passeia pelo centro de Ortigueira, nos Campos Gerais, tem a sensa??o de estar em um bairro de uma grande cidade. O munic?pio de 60 anos e 23,3 mil habitantes ainda ? economicamente baseado na agricultura. O centro ? formado pela igreja matriz e o com?rcio. O cen?rio pode ser alterado nos pr?ximos anos como reflexo da instala??o da Klabin. A empresa vai investir R$ 6,8 bilh?es em uma f?brica de celulose no munic?pio - valor que equivale a 170 vezes o or?amento mu??nicipal, que ? de R$ 40 milh?es anuais. ? o segundo maior investimento privado na hist?ria do Paran? depois da amplia??o de R$ 10 bilh?es da refinaria Get?lio Vargas, em Arauc?ria.
A instala??o da Klabin em Ortigueira ainda n?o ? oficial. O empreendimento depende da autoriza??o do governo estadual atrav?s do Instituto Ambiental do Paran? (IAP). No ?ltimo dia 24, a Klabin formalizou o pedido de instala??o na prefeitura e, tr?s dias depois, no governo estadual ao protocolar o estudo de impactos ambientais. O IAP vai formar, nos pr?ximos dias, um grupo de estudo para analisar os impactos e informar ao conselho administrativo da empresa se o licenciamento ambiental ser? concedido.
Mas quem ? do munic?pio j? comemora. O prefeito Geraldo Magela do Nascimento (PSDB) diz sem medo de errar que Ortigueira ser? o novo \"eldorado\" do Paran?. \"Eu acho que a mudan?a ser? sentida dentro de dez anos, mas ? poss?vel que isso ocorra ainda antes\", afirma. A Klabin pretende iniciar as obras em outubro deste ano e entrar em opera??o em dezembro de 2015.
A planta ficar? na ?rea de 17,3 mil hectares da empresa na localidade de Campina do Pupo, a 15 quil?metros do centro de Ortigueira. Perto de sete mil homens ser?o empregados no canteiro de obras - o equivalente a 29% da popula??o do munic?pio. A ind?stria vai gerar 1,6 mil empregos diretos e pelo menos seis mil indiretos com as empresas-sat?lite.
Com tanta gente, a f?brica vai trazer mudan?as nos servi?os p?blicos. Magela diz que, pensando nisso, a prefeitura doou terrenos para o Instituto Federal do Paran?, para a oferta de cursos t?cnicos, para a Secretaria Estadual de Educa??o, para o refor?o da educa??o b?sica, e para o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) para a constru??o do f?rum eleitoral. A prefeitura ainda negocia a constru??o de uma ag?ncia do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) e de uma nova delegacia da Pol?cia Civil. Por enquanto, nenhuma obra foi iniciada.
Arrecada??o
Ortigueira bateu Tibagi, Tel?maco Borba, Imba? e Reserva na escolha da sede da f?brica de celulose. O interesse dos prefeitos era, principalmente, a arrecada??o tribut?ria alavancada pelo investimento. Pelo projeto costurado com o governo estadual, o munic?pio-sede fica com 50% dos recursos destinados ao Imposto sobre Circula??o de Mercadorias e Servi?os (ICMS) e os outros 11 munic?pios do entorno que fornecem mat?ria-prima repartem a outra metade.
Como a previs?o ? de que a f?brica recolha R$ 60 milh?es de ICMS por ano, Ortigueira deve ficar com pelo menos R$ 30 milh?es. Outro ponto positivo ? a prov?vel eleva??o no n?mero de habitantes, o que vai incidir no coeficiente do Fundo de Participa??o dos Munic?pios (FPM), elevando o repasse do governo federal. Se o n?mero superar 25 mil habitantes, o coeficiente do FPM passa de 1.2 para 1.4. \"Isso pode representar R$ 500 mil por m?s a mais\", aposta Magela.
Munic?pio perdeu popula??o e tem o menor IDH do estado
Ortigueira perdeu 45% de sua popula??o na d?cada de 1980. O censo de 1991 do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estat?stica (IBGE) indicava 27.504
habitantes contra 50.113 contados em 1980. De 2000 para 2010, a queda se
manteve e chegou a 1.836 habitantes a menos no munic?pio. O munic?pio tamb?m
amarga o menor ?ndice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Paran?: 0,620 numa escala
de zero a dez.
A concentra??o da popula??o no campo pode explicar o ?xodo. \"Temos 59% de nossa popula??o no meio rural e ent?o quando essas pessoas v?m para a cidade trabalham no com?rcio e n?o encontram chances, acabam indo embora\", afirma o prefeito Geraldo Magela Nascimento (PSDB). Atualmente, parte das 12,1 mil pessoas economicamente ativas do munic?pio (Censo 2010) est?o na agricultura, no com?rcio e nas olarias da regi?o.
O ortigueirense Daniel Alves de Lima, 26 anos, trabalha numa olaria e ganha menos de R$ 800 mensais. Ele diz que a oferta de empregos ? baixa na cidade. \"Pode ser que com a Klabin a situa??o melhore\", diz. O frentista Irailson Alves, 19 anos, lembra que o empreendimento deve vir acompanhado de melhorias para o munic?pio. \"Hoje a sa?de e a educa??o est?o indo bem, mas precisa melhorar depois da f?brica porque a cidade vai dobrar de tamanho\", acredita. O lavrador Jos? Mateus Martins, 43 anos, tem um lote em um dos cinco assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) no munic?pio. Para ele, a instala??o da Klabin pode trazer benef?cios para Ortigueira desde que haja empregos para os moradores da cidade. \"Se vier a f?brica e chamarem s? gente de fora n?o adianta\", opina.
A gerente da Ag?ncia do Trabalhador de Ortigueira, Daiane Costa de Lima, diz que a \"importa??o\" de trabalhadores ser? inevit?vel. \"Estamos fazendo muitos cursos de qualifica??o, mas com certeza vai vir gente de fora. Tamb?m temos muitos moradores da cidade que est?o trabalhando fora e eles devem voltar para a cidade com a vinda da f?brica\", considera. A Ag?ncia recebe em torno de 40 a 50 pessoas por dia em busca de uma vaga no mercado de trabalho. \"A Klabin j? abriu uma vaga para vigia por enquanto. Mas j? estamos separando os curr?culos de pessoas que ir?o para a obra. Quando eles precisarem, estaremos preparados.\"
Impacto
F?brica vai produzir 1,5 milh?o de toneladas de celulose por ano
O complexo industrial da Klabin, que poder? ser instalado na zona rural de Ortigueira, ter? capacidade de produ??o de 1,5 milh?o de toneladas de celulose por ano. A f?brica vai gerar 360 megawatts de energia atrav?s da biomassa, e utilizar? 17 quil?metros de ramal ferrovi?rio e a rodovia BR-376 para escoar a produ??o e receber a mat?ria-prima.
A empresa n?o revela detalhes do investimento enquanto o empreendimento n?o ? oficializado, mas o setor de papel e celulose j? prev? impactos. O diretor da Federa??o das Ind?strias do Estado do Paran? (Fiep) e do Sindicato das Ind?strias de Papel e Celulose do Paran? (Sinpacel), Samuel Leiner, diz que hoje o Brasil ainda importa fibra longa (mais resistente) do Chile e que a produ??o da unidade fabril ? importante para abastecer o mercado interno. Ele tem uma ind?stria fornecedora de embalagens e aposta que se a f?brica produzir celulose branqueada o seu neg?cio ser? beneficiado com a oferta do produto.
Conforme o projeto apresentado ? prefeitura, a f?brica vai fomentar um fluxo di?rio de mil caminh?es de madeira em Ortigueira. Para Leiner, esse movimento tamb?m vai incentivar a oferta de empreiteiras de caminh?es e de prestadores de servi?os na regi?o.
Exemplo na vizinhan?a
O reflexo econ?mico previsto em Ortigueira foi experimentado pela vizinha Tel?maco Borba, munic?pio criado um ano depois da instala??o da unidade da Kabin, h? 48 anos. \"Somos um concentrado urbano, com 99% da popula??o vivendo na cidade. O nosso ritmo ? diferente do dos munic?pios que fazem fronteira conosco porque temos um vai e vem constante com uma atividade diurna e noturna, em ritmo industrial. Seria muito diferente a nossa hist?ria se n?o houvesse a Klabin\", comenta o prefeito Eros Danilo Ara?jo (PMDB).
Fonte: Fernanda
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